Não acho que eu seja só um punhado de hormônios e células e reações químicas que acontecem cá dentro
nem só umas dobras de um cérebro complexo demais pro seu próprio envoltório.
Eu é que sou complexa demais
demais pra esse peito com um coração que bate muito rápido
bate bate bate quando me sinto vulnerável,
ou vazia,
insuficiente,
ou quando não sei lidar com uns comandos de um programa de computador que não reflete em nada o que sou ou o que sei fazer
Eu é que sou complexa demais
demais pra esses olhos de cor indefinida que pairam sobre qualquer coisa quando estou a pensar sobre os meus dias
pairam pousam descansam quando vejo um amarelo pela janela,
ou cansados,
úmidos,
explodem o que doeria demais se explodisse aqui dentro então colocam pra fora a incerteza de quem eu sou
Embora eu não saiba quem sou, eu sei que sinto
e sentir tanto dói as vezes
mas é o que me faz sentir viva, sentir que eu ainda reajo
não que a vida esteja tão ruim, mas crescer é difícil todos os dias.
Eu voltei. Voltei pra explodir em palavras porque os olhos também cansam e porque a vida precisa disso.