domingo, 7 de novembro de 2010

Com a boca amargando.

As minhas borboletas do estômago voaram embora, saindo pela minha garganta, ajudando minhas verdades a irem direto aos teus ouvidos. E você sentiu cócegas e sorriu, quando deveria se sentir honrado por ser o alvo do meu primeiro e único acesso de coragem – mesmo que isso tornasse as minhas mãos, antes sempre gélidas, como um relógio de Salvador Dali.

E esse seu sorriso congelou meu peito e não pude respirar.  O que era quente em mim foi apenas o suficiente para ferver o sangue das minhas borboletas que alçaram vôo sem medo, e além de minhas mãos agora EU sou um relógio – frio, calculista, sem medo de dizer o que quer pois não há nada a perder.

Minha racionalidade assusta.
Minha inocência se foi.
Suas sutilezas falsas não me bastam,
Não preenchem,
Não repelem,
Não atraem.

Você me conta vagamente sobre o seu dia,
Me fala de outras pessoas,
- que sobre tantas outras descobri sozinha, -
Os dias se sucedem e as velhas novidades se repetem.

"Fica o vazio, após o tchau. Fica o fantasma, quando o concreto se vai. Ficam as marcas de poeira ao redor dos quadros e os longos fios substituindo o ar. Ficamos eu e você, aqui e aí. Um vazio momentâneo, uma saudade permanente, uma dor que vai e vem, alternada com uma apaixonada e obcecada psicose, que só entende quem sente."

4 comentários:

  1. o vazio cheio de tudo, de dúvida, de saudade, de sentimento meio subentendido; lindo lindo, adorei mesmo, (:

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  2. tempos que não venho aqui, que saudade...

    eu tambem estou assustada. E isso me assusta!

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  3. Ah, mas isso passa. Não digo que não dói, não diga que não marca, mas uma hora passa. e o melhor de tudo é que você ainda pode escrever os textos bonitos e se sentir bem consigo mesma.

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