terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Lavando a alma.

A cabeça pesa no travesseiro,
os olhos úmidos fixos na imagem turva do teto.
Numa tentativa desesperada de fugir
calculo a respiração
conto quantas vezes movo as pálpebras
a fim de tirar o excesso da umidade de


água
e
sal


que assim rolam soltas,
desenhando os traços do nariz ao queixo
pingando nos lençóis alvos
e impedindo a respiração fácil


fazendo engolir fundo
fatos que não aconteceram(ão)


Lençóis limpos, alma lavada,
poesia nova ao lembrar das lágrimas
e do olhar de quem me cessa o choro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

De dezembro a janeiro.

E essa calmaria de todos os dias - de trinta e nove dias, desde então - confronta-se com a minha confusão inerente e já minha, muito minha. Posso dizer até que me acostumei com ela, mas nunca, nunca, que me orgulho dela e muito menos de que ela está certa.
Com o tempo a gente aprende a lidar com situações das quais não se tem domínio, mas que se tornam aceitáveis.

- Eu não gosto de confusão. -

Mas quase todo o tempo o coração bate forte e quente, a cada vez que se lembra, ou que não esquece. A cada cheiro de shampoo no travesseiro, a cada vez que vemos um filme, que eu rio de você, que você diz gostar do livro que te dei. A cada vez que eu deixo a confusão que me entristece passar. A cada vez que o tempo parece passar tão devagar, mas voa rápido lá fora e eu morro de frio enquanto você está de camiseta.
E os dedos se entrelaçam, os braços se confundem num abraço e meus cabelos compridos sempre atrapalham. 

 - Veja bem, eu não sei sobre tudo o que gosto, mas eu gosto de você. -
(Pouquinho, bem pouquinho, um tantinho assim.)

É um ensaio sobre a paciência escrito em trinta dias, oficialmente. Sobre a paciência da espera, da confusão, da falta de tempo e das impossibilidades. Sobre a paciência da sua teimosia e da minha convicção, da sua razão quente e do meu frio, da sua fala e da minha quietude.

Não, não incendeia, não implora e nem grita. Só é calmo. É leve, flutua, e eu posso respirar.