segunda-feira, 2 de maio de 2011

O livro azul de letras douradas.

                Chegou atrasado à estação. O relógio marcava seis e meia; os poucos raios de sol laranja poente combinavam com o vermelho do guarda-chuva que vinha em sua direção.
                - Você está atrasado, veja, as luzes já se acenderam, mas ah, assim fica muito mais bonito. Você trouxe pra mim aquele livro de capa azul? Sempre lembro de você quando vejo ele na vitrine, cheio de letras douradas.
                Ele sorriu, a fez desviar das poças da calçada. Chegaram à escadaria da casa dela, ele entregou o livro, deu-lhe um beijo na testa e foi embora, como de costume. Estava visivelmente incomodado, mas ela ficava tão feliz em sua companhia que, eufórica, não perguntou o porquê.
                Ela abriu o livro, tinha seu nome escrito com aquela letra desordenada dele, como uma súplica, uma súplica entre aquelas seis letras.
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Na noite seguinte a moça do nome de seis letras foi de novo ao lado da lâmpada, e ela se acendeu. Sentou-se ao lado dela, e entre as pernas da multidão que corria apressada ela o viu entregando outros livros azuis.
O final da história ainda não foi dito.

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